terça-feira, 23 de maio de 2017

Texto produzido para processo seletivo de pós graduação em Educação Física Escolar pela UFG em 2017

Correr, tropeçar e pensar, os “novos” desafios da Educação Física Escolar.
Marcos Leandro de Assis Leite
Pensando em uma Educação Física que vai além da formação meramente prática, o profissional da área que se compromete com uma Educação de qualidade tem novos desafios que vão muito além de problemas estruturais ou de falta de materiais. Sofre com problemas de falta de motivação e respeito dos alunos, indisciplina, superlotação de turmas e cargas excessivas de trabalho. Isso acaba gerando desmotivação de todos envolvidos no processo educacional e muitas vezes, o abandono pedagógico.
Não quero dizer que problemas de falta de materiais ou de espaços adequados para as práticas, não colaborem para dificultar a execução de muitos conteúdos, mas penso que o que nos diferencia dos animais é justamente a capacidade de raciocinar sobre nossas práticas. Para tanto, é preciso usar a criatividade a nosso favor, adaptando materiais pedagógicos para conseguir chegar a um objetivo emancipador.
Ao observar o cotidiano escolar, nota se que a Educação física tem sido trabalhada como uma disciplina meramente prática e reprodutivista, desmistificar este aspecto é um dos grandes desafios da disciplina. Mesmo após a ascensão de teorias que buscam a renovação e superação de metodologias desprovidas de reflexão social, o que ainda é perceptível na realidade da Educação Física escolar, são aulas práticas isentas de conhecimento emancipador ou que supere o mero fazer por fazer.
A prática de ação desprovida de reflexão está arraigada na cultura escolar, gerando recusa dos alunos na maioria das vezes em refletir sobre suas ações. Buscar nas aulas uma reflexão acerca de determinado esporte que não seja o futebol demanda tempo, disposição e paciência.
A formação acadêmica, apesar da sua contribuição, ainda deixa lacunas quanto à prática do professor na escola, pois muitas vezes os formando chegam à sala e não conseguem colocar em ação, o que lhes foram apresentados no ambiente acadêmico.
Por fim, falta maturidade, profundidade de conhecimentos e vivencias práticas realistas para encarar salas superlotadas, com alunos que em sua maioria foram “abandonados” pelos próprios pais e que acreditam que a escola é uma mera passagem de diversões, onde pouco lhe é cobrado e onde seus direitos ultrapassam os deveres. Em meio a isso, encontra se os professores de todas as áreas, incluso os de Educação Física, que a cada dia mais, se perdem neste processo e ficam reféns deste sistema doente.