Correr, tropeçar e pensar, os “novos” desafios da Educação Física
Escolar.
Marcos Leandro de Assis Leite
Pensando em uma Educação Física
que vai além da formação meramente prática, o profissional da área que se
compromete com uma Educação de qualidade tem novos desafios que vão muito além
de problemas estruturais ou de falta de materiais. Sofre com problemas de falta
de motivação e respeito dos alunos, indisciplina, superlotação de turmas e
cargas excessivas de trabalho. Isso acaba gerando desmotivação de todos
envolvidos no processo educacional e muitas vezes, o abandono pedagógico.
Não quero dizer que problemas de
falta de materiais ou de espaços adequados para as práticas, não colaborem para
dificultar a execução de muitos conteúdos, mas penso que o que nos diferencia dos
animais é justamente a capacidade de raciocinar sobre nossas práticas. Para
tanto, é preciso usar a criatividade a nosso favor, adaptando materiais
pedagógicos para conseguir chegar a um objetivo emancipador.
Ao observar o cotidiano escolar, nota
se que a Educação física tem sido trabalhada como uma disciplina meramente
prática e reprodutivista, desmistificar este aspecto é um dos grandes desafios
da disciplina. Mesmo após a ascensão de teorias que buscam a renovação e
superação de metodologias desprovidas de reflexão social, o que ainda é
perceptível na realidade da Educação Física escolar, são aulas práticas isentas
de conhecimento emancipador ou que supere o mero fazer por fazer.
A prática de ação desprovida de
reflexão está arraigada na cultura escolar, gerando recusa dos alunos na
maioria das vezes em refletir sobre suas ações. Buscar nas aulas uma reflexão
acerca de determinado esporte que não seja o futebol demanda tempo, disposição
e paciência.
A formação acadêmica, apesar da
sua contribuição, ainda deixa lacunas quanto à prática do professor na escola,
pois muitas vezes os formando chegam à sala e não conseguem colocar em ação, o
que lhes foram apresentados no ambiente acadêmico.
Por fim, falta maturidade, profundidade
de conhecimentos e vivencias práticas realistas para encarar salas superlotadas,
com alunos que em sua maioria foram “abandonados” pelos próprios pais e que
acreditam que a escola é uma mera passagem de diversões, onde pouco lhe é
cobrado e onde seus direitos ultrapassam os deveres. Em meio a isso, encontra
se os professores de todas as áreas, incluso os de Educação Física, que a cada
dia mais, se perdem neste processo e ficam reféns deste sistema doente.